O milagre do agronegócio cearense não vem só do céu, com as chuvas. (E, com uma estiagem que chega ao seu terceiro ano consecutivo, temos que dar graças a isso). O segredo das frutas e vegetais suculentos que brotam do solo cearense vem de uma técnica desenvolvida por volta dos anos 60, em Israel, onde o índice pluviométrico é ainda menos generoso que o do nosso sertão. Naquele país, as técnicas de microaspersão, como o gotejamento, surgiram em resposta à necessidade de produção de alimentos em áreas totalmente desérticas, maximizando os escassos recursos hídricos disponíveis.
No Ceará, o gotejamento traz a segurança para as lavouras manterem suas culturas o ano todo. O sistema funciona com a água dos reservatórios sendo impulsionada sob pressão por tubos até as áreas de plantio, diretamente para a raiz da planta, em alta frequência e baixa intensidade. A eficiência do método é de 90%. O uso de água é no mínimo cinco vezes menor do que por meio dos pivôs centrais de aspersão convencionais.
Em São Benedito, os 15 hectares onde Paulo Selbach planta suas rosas e seus
pimentões são irrigados milimetricamente via gotejamento. “A técnica criou possibilidades de produção no Ceará”, afirma Selbach. Nas fazendas da Agrícola Famosa – maior exportador individual de melões do mundo –, o sistema de gotejamento gera 5 mil empregos todos os anos e dá vida a toda uma cadeia produtiva.
Por ser uma técnica de implantação cara, a viabilidade para os pequenos produtores deve vir através dos nossos impostos. O benefício já chegou aos agricultores do Vale do Forquilha, Quixeramobim, e também na irrigação da palma, usada sobretudo para consumo animal.
Diante de possibilidades como essa, fica o nosso desejo de que a água venha cada vez mais em forma de desenvolvimento e distribuição de renda para o Ceará.
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