“Amanhã se der o carneiro. O carneiro. Vou m'imbora daqui pro Rio de Janeiro” cantava Ednardo, no ínicio de 1970, ironizando a concentração de visibilidade – cultural, artística, econômica – no eixo Rio-São Paulo. Mas, se, na música, o artista esperava o carneiro do jogo para sair do Ceará e ir até onde as coisas aconteciam, hoje, o carneiro do prato está trazendo gente de fora para descobrir, aqui no nosso Estado, sucessos gastronômicos internacionais.
De origem árabe, o consumo da carne de cabrito chegou ao Brasil através dos espanhóis, holandeses e portugueses. De uma lenta e penosa adaptação ao sertão nordestino, ficaram animais de maior resistência e capacidade reprodutiva. No Ceará, a caprinocultura concentra-se sobretudo nas regiões de Tauá e Quixadá. Nessas duas cidades, experiências bem sucedidas com a raça Boer têm resultado numa carne com sabor único e elevada qualidade. Isso se deve à formação geológica dessa região, cuja estrutura do solo é adequada ao crescimento de uma rama específica – pastagem nativa para os caprinos da raça Boer. Nasce no sertão cearense a possibilidade de demarcação e certificação para produção de um insumo de excelência – carne de caprino Boer de Tauá e Quixadá.
É, então, como insumo de excelente qualidade, que o nosso caprino vem se colocando em destaque em diversos “videotapes e revistas multicoloridas” da gastronomia. É o que comprova, por exemplo, a matéria da “Revista Prazeres da Mesa” ao destacar as riquezas do sertão cearense: “Carré, picanha, linguiça picante de cabrito assadas esbanjam suculência. De um vermelho muito vivo, elas derretem na boca. A preparação de Burnel enfatiza sua qualidade. A costela chega à mesa desmanchando, com cheiro de vinho, ervas, defumado e, efetivamente, impressiona”, relatam os repórteres sobre a experiência de experimentar os cortes do Restaurante Pé de Serra, em Quixadá, que fica na entrada da fazenda onde “cria, abate, porciona e distribui ovinos, caprinos e derivados – como queijo de cabra e linguiça”. (Fonte: http://prazeresdamesa.uol.com.br/exibirMateria/4092/ceara-para-gringos#sthash.0OwMQ8bY.dpuf)
Quem não mora em Quixadá – ou não tem uma viagem programada – também pode aproveitar a qualidade dessa carne. E num prato feito por você mesmo, olhe só:
Cabrito com grão de bico.
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