Uma das coisas mais atrativas na gastronomia são os caminhos que ela é capaz de abrir. É uma profissão que dá a quem a abraça a oportunidade de traçar um rumo próprio dentro de um saber que mistura arte, técnica e ciência.
A direção tomada pelo jovem Tiago Coelho é prova clara disso. Tiago começou a cozinhar para os amigos, investiu em cursos do SENAC, trabalhou de sushiman e já teve a própria pizzaria. Agora a gastronomia o leva a um novo rumo: o do mar. Tiago em fevereiro embarca em sua segunda viagem a bordo de um navio turístico como cozinheiro. Tudo começou por recomendação de um colega. Tiago fez os testes, passou por uns meses de treinamento e embarcou no ano passado para conquistar um espaço dentro de uma equipe frenética de centenas de cozinheiros de todo mundo coordenados por uma disciplina quase – para não dizer de todo – militar. A cozinha funciona 24 horas em diferentes turnos. Também é divida por diversas áreas, que incluem uma logística precisa para servir na hora certa centenas e centenas de refeições.
“Os primeiros três meses foram uma loucura. Trabalhava, dormia mal e só.”, conta Tiago. Tudo melhorou quando ele foi para o setor de massas e pães capitaneada por um napolitano da Escola de Sorrento, o chef Sergio Cotena, que era durão, mas gostou do jeito do Tiago. Com o italiano e colegas de vários lugares do mundo, Tiago começou a se soltar, a dar pitacos (olha só!) e a aproveitar uma das coisas boas de se estar no navio, as paradas. Nelas, Tiago aproveita para conhecer a comida dos lugares, perceber as diferenças, as sutilezas. “Eu fui comer kebab na Grécia e na Turquia. Nos dois lugares eram coisas diferentes. Havia um temperinho... Aí eu perguntava, puxava conversa, para entender o que tinha ali”, relembra. De conversa em conversa, Tiago conta que também foi criando amigos, fazendo laços e conseguindo criar um lar sobre o mar.
Em terra firme, as ideias do jovem já parecem ter contornos de maturidade de quem muito viu: “A gente viaja muito e se dá conta que o Ceará tem tudo. Reúne tudo, mar, serra, sertão. Precisa é de boa técnica para valorizar”. A ideia de Tiago é justamente trabalhar nesse sentido. E que venha mais um cearense que, ao atravessar o mundo, descobre na bagagem os
sentidos e os sabores do nosso lugar.
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