DO CONDE À GRELHA
Conta a lenda que o sanduíche nasceu no século XVII com o inglês John Montagu, o Quarto Conde de Sandwich (cidade histórica, no condado de Kent, situada no sudeste da Inglaterra). Acontece que o Conde adorava jogar cartas e costumava ir noite a dentro jogando baralho. Sem querer dar pausas nem para refeições, o Conde de Sandwich ordenava aos criados que deixassem preparados pães cortados, recheados com queijo, manteiga, salame, presunto. De lá para cá, as pessoas ficaram muito mais ocupadas que John Montagu (e não só com jogo de cartas). Por isso, a invenção virou mania universal.
Com seu visual atraente e sua praticidade, o sanduíche é receptivo a novos ingredientes, combinações e sabores. E, entre os recheios, a carne sempre foi um dos principais eleitos. No início a carne utilizada era crua, temperada com mostarda e cortada finamente, sendo um verdeiro luxo destinado àqueles que tivessem bastantes dentes (uma raridade na época) e estômago forte para digerir a iguaria.
A partir de 1870 culinaristas começaram a publicar receitas de carne crua livre de nervos, gordura e tecido conectivo. Anos depois, veio a sugestão de grelhar a carne para torná-la mais palatável. Mas o ponto de vantagem para a carne grelhada veio de um médico de Nova Iorque, James H. Salisbury que, ao proclamar os perigos do consumo de carne crua para a saúde, “sugeriu que a carne livre de nervos e gordura fosse comprimida em bolinhos achatados de 2,5cm de altura e grelhados. Recomendou acrescentar condimentos como manteiga, pimenta, sal, molho inglês, mostarda, raiz forte ou suco de limão, se desejado” (Fonte: SMITH, F. Andrew, Hambúrguer. Uma história Global, SENAC, 2012).
Daí começaram a aparecer diferentes receitas do bolinho de carne grelhado, cuja a mais conhecida foi a do Bife de Hamburgo. O nome se deve à sugestão de que a carne do preparo era proveniente de gado criado na região de Hamburgo na Alemanha. O que fazia deste bife um prato de elevada qualidade, quase um acepipe gourmet. No entanto, o preço alto com que a carne era comercializada fora da Alemanha impeliu americanos e ingleses a produzirem os bolinhos com outros tipos de carne, muitas delas de baixa qualidade. Com essa versão mais em conta o Bife de Hamburgo foi parar no menu dos restaurantes alemães dos Estados Unidos. Conforme descreve o artigo do New York Times, Hamburguer Steak passava a ser “apenas um bife recuperado de sua dureza original por ter sido moído, recebendo depois a forma de uma massa conglomerada. É muito apetitoso, mas a consciência nos impete a declarar que é inferior ao artigo genuíno, que também pode ser pedido aqui em condição de maciez muito satisfatória” (idem, p. 22).
Antes alimento servido no prato, o Bife de Hamburgo encontrou com a industrialização dos Estados Unidos, no final do século XIX, o seu destino final: o sanduíche de hambúguer. Começaram então a surgir os carrinhos, bancas de rua e lanchonetes nas quais o hambúguer – prático e bem fornido – era uma das principais estrelas. O modelo de negócio nascia com um novo sistema de trabalho no qual os operários, atuando em fábricas distantes de seus domicílios, já não tinham a disponibilidade de ir em casa para fazer as refeições. Daí para o nascimento das grandes redes de fast-food parece ter sido apenas um pulo.
LET´S TWIST AGAIN
O curioso de toda essa aventura do hambúrguer é perceber que ainda hoje o consumimos na herança dos dois sentidos que ele foi assumindo: como carne de menor qualidade, temperada e comercializada a baixos preços; e como alimento gourmet, tal como era o original Bife de Hamburgo. E de uns anos para cá, várias cidades do Brasil e do mundo parecem querer justamente retomar a tradição do “Bife de Hamburgo”, ressaltando o seu valor de produto criativo, versátil, sempre a partir de uma matéria-prima de qualidade.
Tendência que pode ser constatada na ressurreição do hambúrguer gourmet é a das versões com diversos tipos de carne – cordeiro, porco, salmão, bacalhau – e também as que nem carne levam. É por isso que dizemos que hambúrguer é criativo: seu modo de preparo é uma porta aberta para a reinvenção.
SUGESTÃO DA CASA
Fortaleza, é claro, não deixou de seguir a efervescência das hamburguerias gourmets. Entre elas, a equipe aqui do site elegeu três que vale muito a pena conhecer:
Barney´s
A nossa pedida é o Chipotle Burger. O diferencial aqui está no molho de pimenta que combina muito bem com o bacon e o queijo cheddar do sanduíche.
Burguer Street 1130
Festejando o jeito de ser inventivo do nosso querido hamburguer, a recomendação aqui vai para o Veggie Burguer. É sem carne, mas cheio de sabor como um bom hambúrguer deve ser.
T-Bones
Aqui nossa sugestão são os minihamburgers. Eles têm pegada, são suculentos e levam um tempero caseiro cheio de personalidade. A oferta no cardápio é um trio de minihamgurgers: dois da carne bovina e um de carne de frango.