Refúgio do furdunço da cidade grande e ligação de Rachel de Queiroz(Fortaleza, 17 de novembro de 1910 — Rio de Janeiro, 4 de novembro de 2003) foi uma tradutora, romancista, escritora, jornalista, cronista prolífica e importante dramaturga brasileira. Autora de destaque na ficção social nordestina. Foi primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. Em 1993, foi a primeira mulher galardoada com o Prêmio Camões, equivalente ao Nobel, na língua portuguesa. Ingressou na Academia Cearense de Letras no dia 15 de agosto de 1994 na ocasião do centenário da instituição. com as suas origens, a fazenda “Não Me Deixes” foi um presente de seu pai, Daniel.
Porém, a história dessa fazenda, que leva no nome um pedido de fidelidade, é anterior à escritora. Em 1870, o tio-avô de Rachel de Queiroz deu a fazenda ao primo dela que, para se aventurar na exploração de borracha no Amazonas, a vendeu. Quando o tio de Rachel descobriu, recomprou a fazenda e devolveu ao filho, fazendo-o prometer que esta não mais sairia da família. Para selar o juramento pediu que a chamassem de “Não me deixes”.
Desde então a vida queiroziana não arreda o pé do lugar. Hoje quem for à fazenda – que fica à pouco mais de 30km do centro de Quixadá – encontrará a casa, os móveis e as panelas tal como foram deixados pela família de Rachel. E foi sob sabor desses objetos-lembranças que Rachel de Queiroz escreveu o livro “O Não Me Deixes: Suas histórias e sua cozinha”1.
O livro passa por insumos como o capote, o carneiro, a farinha, milho, o feijão. E no capítulo dedicado ao peixe de água doce, ela escreve:
Uma das melhores maneiras de se comer peixe é à beira d’ água, junto ao açude onde ele vive. Prepara-se a trempe, acende-se o fogo e enche-se a panela com a água de onde o peixe foi criado. Tempera-se a água com sal, pimenta-do-reino, cebolinha, coentro, alho e cebola de cabeça.2
Atendendo à súplica da fazenda de Rachel de Queiroz, revistamos as suas memórias através de um prato que funde tradição e frescor: a “Peixada na Água Grande”. Para a receita, escolhemos um peixe de água doce que tem a marca do Ceará: a tilápia. O Estado é hoje o maior produtor de tilápias do Brasil. Essa produção está mudando a realidade de milhares de cearenses e – por questões não apenas ecológicas, mas também econômicas – vem se integrando à filosofia de produção sustentável.
Inspirado na receita de Rachel de Queiroz, o principal deste prato é que o peixe esteja extremamente fresco. Só assim o seu colágeno estará íntegro e liberará as sutilezas que darão à peixada um sabor incomparável.
Ingredientes e utensílios:
Tilápia em postas (5 postas)
6 Dentes de Alho
1 Cebola roxa cortada em 8 partes
1 Pimentão vermelho cortado em tiras
1 xic. de tomates coloridos
Coentro à gosto
Azeite
Sal e Pimenta-do-reino à gosto
Caçarola
Espatula
Preparo: Na caçarola colocar um fio de azeite em fogo médio, acrescenta o alho e a cebola partida em oito pedaços. Coloca o pimentão vermelho, coentro à gosto e já acrescenta uma pitada de sal e de pimenta do reino, deixa dourar. Coloca as postas de tilápia e deixa dourar um pouco, faça a correção de sal e coloca água quente até cobrir as postas. Acrescenta os tomates para dar um colorido e deixa ferver por dois minutos com tampa. Para finalizar um fio de azeite e sal, se necessário.
1 QUEIROZ, Rachel de. O Não Me Deixes: suas histórias e sua cozinha. São Paulo: Sisciliano, 2000
2 Idem, p.122.
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